segunda-feira, 14 de março de 2011

Revirando o Baú III - Sociedade de Consumo

A indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores. Ela força a união dos domínios, separados há milênios, da arte superior e da arte inferior. Com o prejuízo de ambos. A arte superior se vê frustrada de sua seriedade pela especulação sobre o efeito; a inferior perde, através de sua domesticação civilizadora, o elemento de natureza resistente e rude, que lhe era inerente enquanto o controle social não era total. (1978: 287-288) – Adorno

            O termo “Indústria cultural” foi criado por Adorno, em 1978, no  texto homônimo citado acima.
Para Adorno, a partir do momento em que há uma Indústria cultural que promove uma união da cultura supostamente “superior” com a dita “inferior” resultaria em um prejuízo em ambos os lados e um nivelamento por “baixo”. Sua visão era muito elitista como muitos pensadores de sua época.
            A Indústria Cultural surge com o desenvolvimento do capitalismo monopolista, logo sua ideologia estará intrinsecamente ligada a ordem liberal que preconiza o livre comércio mundial e a idéia de uma auto-regulação da economia; segundo Adam Smith, teórico do liberalismo, haveria uma mão-invisível que regularia o mercado da oferta e da procura.
            A Indústria Cultural normatiza os comportamentos sociais de maneira exaustiva, incentivando o consumo desenfreado. Como isso ocorre? Através do oferecimento de produtos que são trocados por dinheiro; deturpando o gosto das massas. Isso significa que o consumidor deixa de comprar por necessidade ou por desejo próprio e sendo motivado por uma ideologia de consumo em que você é o que se tem.
            Na medida em que os comportamentos são normatizados o individuo passa a não refletir sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se com isso em mero joguete e, afinal, em simples produto alimentar do sistema que o envolve. Isso caracterizaria uma alienação.
            Outros estudiosos consideram que a Indústria Cultural não é fator de alienação. Ao contrário, promoveria um desenvolvimento antecipado das competências humanas, por exemplo, as crianças que aprende com facilidade a falar e a escrever devido ao contato prematuro com a televisão e com o computadores. O acúmulo de informação acaba por transformar-se em formação dos indivíduos, isto é, a quantidade provocando alterações na qualidade.
            A internet surge, muito tempo depois, e é absorvida por esse contexto de Indústria Cultural, só que com uma tecnologia de interação muito avançada e que evolui rapidamente em comparação com os outros meios de comunicação de massa.
            A internet abre espaços mais democráticos para se encontrar informação. Um exemplo recente dessa possibilidade foi na invasão do Iraque, um blog escrito em inglês divulgava os acontecimento visto de dentro daquele momento por um sobrevivente e sem os filtros pelos quais passam as noticias que chegam através de meios como a TV e os jornais.
            Ao mesmo tempo em que a internet reduz as distâncias e amplia a possibilidade de conhecer o mundo sem sair do lugar, ela bombardeia as mentes com um número exacerbado de informações o que tira o tempo para refletir sobre essas, alienando e deixando de alguma forma as pessoas passivas à informação. Como diria Adorno, cumprindo seu papel enquanto parte da indústria Cultural.
A internet vem evoluindo em todos os países. No Brasil, a internet existe há aproximadamente 10 anos e se desenvolve com grande agilidade, possuindo um número extensivo de provedores, sites, blogs, lojas virtuais, etc.
            Atualmente as maiores empresas brasileiras sentem a necessidade de criar lojas virtuais. Esse tipo de comércio facilitou a pequenos empresários que só possuem um depósito e vendem através da internet não tendo que gastar  dinheiro com os encargos de uma loja fixa e ampliando seus negócios mais rápido.
            Além disso, há uma certa característica brasileira de querer deixar sua vida pública e isso aumentou o números de blogs em língua portuguesa. Os blogs tem também um conteúdo informativo, seus editores podem falar meras banalidades ou considera-los um espaço público aberto para discussões com temas variados.
Ao mesmo tempo, os sites de noticiais on-line, assim como os jornais, selecionam o que é noticia e formam um agenda para os jornais impressos e televisivos, como disse Bourdieu no seu livro ”Sobre a TV”, criando um ciclo de informações que só apresentam a mesma coisa. Assim como a velocidade de dados, por minuto, não permite uma reflexão mais profunda sobre o assunto levando a alienação.
A internet produz um bombardeio de consumo através de cartões de crédito, como anunciar nessa mídia ainda é barato, o internauta é incentivado, em qualquer momento na rede seja no lazer ou no trabalho, a adquirir produtos.
Numa sociedade moderna, em que tempo é cada vez mais escasso devido ao desenvolvimento das forças produtivas onde o mercado está cada vez mais disputado, até que ponto a internet é nociva para a sociedade? Adquirir um produto dando um “clik” no mouse pode ser positivo.
O acesso a informação algo essencial ao desenvolvimento humano, mas media-lo através de computadores causa uma perda enorme para as relações sociais como todo, gerando uma sociedade cada vez mais individualista, principal característica do capitalismo liberal logo da sociedade de consumo.
O retrocesso se torna impossível,cabe pensar em formas de contornar da melhor maneira os males que a Industria Cultural, incluído a internet, produz.

Referencias:
Bourdieu, Pierre – “Sobre a TV”
Marx, Karl – “O capital”
                     “Ideologia Alemã”
Benjamin, Walter – “A arte na ra de sua reprodutibilidade técnica”
www.indcultural.hpg.ig.com.br/ oqueeindustriacultural.htm
www.fecap.br/portal/Arquivos/ Extensao_Rev_Liceu_On_Line/adorno.htm

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