sábado, 26 de março de 2011

O Mundo Mágico de Escher – Nunca a ida a um museu foi tão lúdica!!!

Para aqueles que nunca ouviram falar no artista gráfico holandês Maurits  Cornelis Escher, deviam realmente olhar ao redor com mais atenção. Suas obras são fontes riquíssimas de inspiração, algo, que para aqueles que estudaram gestalt* faz todo o sentido, ou, falta dele.
As xilogravuras têm um contraste forte de claros e escuros, bem traçados. Já as litogravuras trabalham mais com os tons médios e com contraste suave. Mas toda a parte técnica fica meio esquecida devido aos contrates psicológicos de suas obras. Pois quem repara se ele esculpiu em madeira ou desenhou em pedra, quando em sua obra é possível ver um mundo que se desdobra em figuras espelhadas ou se transforma em parte de um cenário sobre uma mesa, onde um livro é apoiado por um prédio?
Como a matemática pode ser tão artística e lúdica? É possível, com um olhar mais atento, visualizar uma malha em suas obras, alem de figuras orgânicas se geometrizando e se modificando, numa metamorfose de movimento congelado. Nessa metamorfose perdemos o sentido do que é fundo, do que é figura, do que é real ou não.
As instalações fecham o ciclo, fazendo mergulhar profundamente nesse mundo das ilusões, tornando os visitantes, parte integrante dessas obras. E quem não se encanta ao ver um gato no ar? Qual baixinho não quer se tornar gigante?
O mundo mágico foi uma exposição com as obras mais consagradas desse artista fascinado por esferas espelhadas, formas geométricas e ilusões e deformações óticas. Suas obras nos levam para um universo onde a desconstrução constrói e o inviável tornasse visivelmente possível, mais adiante da estrada de tijolos amarelos, na fronteira do país das maravilhas.






 *Gestalt – é uma teoria que descreve a percepção visual como a organização de princípios, através do cérebro, de: proximidade, continuidade, semelhança, segregação, preenchimento, unidade, simplicidade e figura/fundo. Esses conceitos ajudam no desenvolvimento de campanhas publicitárias, design e estudo sobre efeitos psicológicos sobre a percepção. Através dessa teoria se compreende alguns tipos de ilusões de ótica.

domingo, 20 de março de 2011

Olhos Negros - Alguém especial

Teus olhos
me oprimem.
Teu sorriso
vem me acalentar.
Que mistérios
esconde nos teu olhos negros?
Que a ninguém
ousas contar.
Dos desejos
que esmeram nos teus anseios
podes a mim contar.
Sei que tuas confissões
a ninguém confessas
por medo de te machucar.
Mas saibas
que contigo hei de estar
 sempre que precisares de um ombro amigo
em mim ais de encontrar.

Isso é uma homenagem a uma amiga, que está sempre no meu coração mesmo longe, e em atraso por seu aniversário...Beijão!!!

A Luz da Noite


Tinha começado o curso básico de ourivesaria no SENAI, tinha quatro meses de curso e mal sabia soldar, quando começou o projeto do Theatro Municipal, me inscrevi e fui para visitação, onde surgiram algumas idéias.
    Meu primeiro projeto era de um anel inspirado no arco da boca de cena do Theatro. Projeto rejeitado, ele precisava ser mais grandioso e conceitual.
    Sai da orientação chutando o chão e xingando muito... como mais grandioso? A boca de cena é um dos principais pontos do teatro?
    O grandioso não saiu da cabeça, só consegui pensar em algo realmente grandioso....o lustre central do Theatro. Ele deve ter pelo menos uma centena de lustre... mas com certeza o mais grandioso é o lustre central. Ele fica posicionado no centro da cúpula do Theatro e na mesma direção abaixo da águia.
    A idéia fazer a pessoa se sentir como próprio lustre, era pra ser uma gargantilha pra ser vestida e ser mais do q um simples adereço, ser o destaque!
    Quatro meses, muito latão, muita solda e a paciência se esgotando, foi um parto fazer essa peça, não tinha experiência com peças grandes, nem com bitola, nem com solda em fio... mas no fim tudo deu certo, ou mais ou menos!
     As peças passaram por avaliação de profissionais, e a minha passou raspando, pois alguns acabamentos foram dados após essa avaliação e outros foram dados dias antes da exposição começar.
     No fim, minha peça foi destaque, ficando entre as 3 mais bonitas (comentário dos visitantes). Ela foi posicionada no centro do salão, sendo a única com vitrine exclusiva e com suporte. Felicidade maior do que essa só se confirmarem os boatos de uma exposição itinerante... mas até lá... me alimento da glória dessa!!!

Theatro Municipal - O Centenário de uma Joia (Uma Odisséia)

 

     O Theatro Municipal foi inaugurado dia 14 de julho de 1909, homenagem a comemoração da queda da Bastilha, sendo parte das obras de urbanização do prefeito Pereira Passos e sendo inaugurada pelo prefeito Souza Aguiar, aquele que deu o nome ao hospital.
      Em 2008 começaram as obras de restauro, que descobriram alguns segredos escondidos, afrescos cobertos por tintas, pinturas fora do padrão original, etc. A previsão da obra era para terminar a tempo de inaugurar no dia do centenário, mas como tudo no Brasil, isso não aconteceu. Brigas entre órgãos de preservação de patrimônio, entre outras coisas, retardaram os prazos.
    Bem... onde entra a exposição do centenário? A escola de joalheria do SENAI costuma fazer exposições com a finalidade de apresentar novos ourives, seus alunos, e atrair interessados em aprender técnicas de ourivesarias.
    O centenário do Theatro Municipal era um grande tema. A arquitetura eclética, rica em detalhes diferentes, era uma fonte de inspiração, onde muitos artistas já beberam dessa,  e nesse momento os alunos do SENAI iriam beberica de suas águas.
   Foram entorno de cinco meses de projeto, contando com visitação do local, conceituação da peça e a produção. Ao contrário das obras tudo foi finalizado antes de 14 de julho, mas o Theatro não.
   E assim começou essa Odisséia!!! Dois anos de espera e telefonemas desesperados para o SENAI sem muita resposta, muita ansiedade dos alunos e professores.
   Finalmente, dia 18 de janeiro desse ano foi inauguração, com direito a champanhe e discursos. No dia 20, a exposição foi aberta ao público, fazendo parte da visita guiada pelo Theatro, localizada no salão Assyric. Teve duração de um mês.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Revirando o Baú III - Sociedade de Consumo

A indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores. Ela força a união dos domínios, separados há milênios, da arte superior e da arte inferior. Com o prejuízo de ambos. A arte superior se vê frustrada de sua seriedade pela especulação sobre o efeito; a inferior perde, através de sua domesticação civilizadora, o elemento de natureza resistente e rude, que lhe era inerente enquanto o controle social não era total. (1978: 287-288) – Adorno

            O termo “Indústria cultural” foi criado por Adorno, em 1978, no  texto homônimo citado acima.
Para Adorno, a partir do momento em que há uma Indústria cultural que promove uma união da cultura supostamente “superior” com a dita “inferior” resultaria em um prejuízo em ambos os lados e um nivelamento por “baixo”. Sua visão era muito elitista como muitos pensadores de sua época.
            A Indústria Cultural surge com o desenvolvimento do capitalismo monopolista, logo sua ideologia estará intrinsecamente ligada a ordem liberal que preconiza o livre comércio mundial e a idéia de uma auto-regulação da economia; segundo Adam Smith, teórico do liberalismo, haveria uma mão-invisível que regularia o mercado da oferta e da procura.
            A Indústria Cultural normatiza os comportamentos sociais de maneira exaustiva, incentivando o consumo desenfreado. Como isso ocorre? Através do oferecimento de produtos que são trocados por dinheiro; deturpando o gosto das massas. Isso significa que o consumidor deixa de comprar por necessidade ou por desejo próprio e sendo motivado por uma ideologia de consumo em que você é o que se tem.
            Na medida em que os comportamentos são normatizados o individuo passa a não refletir sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se com isso em mero joguete e, afinal, em simples produto alimentar do sistema que o envolve. Isso caracterizaria uma alienação.
            Outros estudiosos consideram que a Indústria Cultural não é fator de alienação. Ao contrário, promoveria um desenvolvimento antecipado das competências humanas, por exemplo, as crianças que aprende com facilidade a falar e a escrever devido ao contato prematuro com a televisão e com o computadores. O acúmulo de informação acaba por transformar-se em formação dos indivíduos, isto é, a quantidade provocando alterações na qualidade.
            A internet surge, muito tempo depois, e é absorvida por esse contexto de Indústria Cultural, só que com uma tecnologia de interação muito avançada e que evolui rapidamente em comparação com os outros meios de comunicação de massa.
            A internet abre espaços mais democráticos para se encontrar informação. Um exemplo recente dessa possibilidade foi na invasão do Iraque, um blog escrito em inglês divulgava os acontecimento visto de dentro daquele momento por um sobrevivente e sem os filtros pelos quais passam as noticias que chegam através de meios como a TV e os jornais.
            Ao mesmo tempo em que a internet reduz as distâncias e amplia a possibilidade de conhecer o mundo sem sair do lugar, ela bombardeia as mentes com um número exacerbado de informações o que tira o tempo para refletir sobre essas, alienando e deixando de alguma forma as pessoas passivas à informação. Como diria Adorno, cumprindo seu papel enquanto parte da indústria Cultural.
A internet vem evoluindo em todos os países. No Brasil, a internet existe há aproximadamente 10 anos e se desenvolve com grande agilidade, possuindo um número extensivo de provedores, sites, blogs, lojas virtuais, etc.
            Atualmente as maiores empresas brasileiras sentem a necessidade de criar lojas virtuais. Esse tipo de comércio facilitou a pequenos empresários que só possuem um depósito e vendem através da internet não tendo que gastar  dinheiro com os encargos de uma loja fixa e ampliando seus negócios mais rápido.
            Além disso, há uma certa característica brasileira de querer deixar sua vida pública e isso aumentou o números de blogs em língua portuguesa. Os blogs tem também um conteúdo informativo, seus editores podem falar meras banalidades ou considera-los um espaço público aberto para discussões com temas variados.
Ao mesmo tempo, os sites de noticiais on-line, assim como os jornais, selecionam o que é noticia e formam um agenda para os jornais impressos e televisivos, como disse Bourdieu no seu livro ”Sobre a TV”, criando um ciclo de informações que só apresentam a mesma coisa. Assim como a velocidade de dados, por minuto, não permite uma reflexão mais profunda sobre o assunto levando a alienação.
A internet produz um bombardeio de consumo através de cartões de crédito, como anunciar nessa mídia ainda é barato, o internauta é incentivado, em qualquer momento na rede seja no lazer ou no trabalho, a adquirir produtos.
Numa sociedade moderna, em que tempo é cada vez mais escasso devido ao desenvolvimento das forças produtivas onde o mercado está cada vez mais disputado, até que ponto a internet é nociva para a sociedade? Adquirir um produto dando um “clik” no mouse pode ser positivo.
O acesso a informação algo essencial ao desenvolvimento humano, mas media-lo através de computadores causa uma perda enorme para as relações sociais como todo, gerando uma sociedade cada vez mais individualista, principal característica do capitalismo liberal logo da sociedade de consumo.
O retrocesso se torna impossível,cabe pensar em formas de contornar da melhor maneira os males que a Industria Cultural, incluído a internet, produz.

Referencias:
Bourdieu, Pierre – “Sobre a TV”
Marx, Karl – “O capital”
                     “Ideologia Alemã”
Benjamin, Walter – “A arte na ra de sua reprodutibilidade técnica”
www.indcultural.hpg.ig.com.br/ oqueeindustriacultural.htm
www.fecap.br/portal/Arquivos/ Extensao_Rev_Liceu_On_Line/adorno.htm

domingo, 13 de março de 2011

Revirando do baú II....Somos o que lemos

       Característica do ser humano é ser algo em aberto, em construção,em desenvolvimento. Como assim? Você pode ter 20 ou 30 ou 50 ou 100 anos e sua forma só encontra o foco na morte!
        Eu sou um pouco de Camões, Shakespeare, Drumond, “o Globo”, “o Dia”. Eu sou o que leio! E não somente isso... eu sou da novela da Globo até o Jornal Nacional...assim como fui Collor (mesmo com 5 anos) e hoje sou Lula (mesmo não tendo nem votado quando ele foi eleito).
        Sou uma leitura do mundo...não!!! Somos uma leitura do mundo!!!
        Quando escrevo, escrevo um pouco de mim nessas linhas. Da minha vida tiro os pontos e reticências.
        Mesmo ao não gostar, embutimos o contrário, e não admitimos a obra coletiva, mesmo ela sendo indireta.
        Pelas minhas mãos saem as vozes dos outros...Inclusive a minha que ecoa no meu ser! Estou-me construindo e ao me construir espero construir o outro.
        Mas como atingir o próximo? Por isso escrevo, para ficar marcada em alguém que ao me ler me absorve. Essa é a magia do autor.
        Eu sou o que leio, o que escrevo e os olhos de quem me lê... espero que eles enxerguem além das palavras que dispõe nessa linhas, nessa página.

sábado, 12 de março de 2011

Um recomeço... e revirando o baú - Como escrever um texto?!

Como escrever um texto quando este não se encontra em nós? Como dissertar se não cultivamos tal hábito nem fazemos esforços para tal, e quando se cria a necessidade nos vemos despreparados, com uma caneta na mão e o relógio no pulso, pressionados? Então, como ser criativos, corretos, seguir o tema se nem conseguimos prosseguir nos mesmos passos, à mesma distância e com igual convicção.
A arte de escrever é a arte que não possuímos. Somos surrealistas e até dadaístas desprezados. Nossa obra é jovem, sem análise crítica. Talvez por não ser arte e sim adolescência, premiaram-nos com espinhas no rosto e zeros em testes.
A terapia temática de escrever sobre o que não queremos, quando não nos convém é típica de qualquer avaliação. Não somos José de Alencar, Machado de Assis ou Aluísio de Azevedo.Não nascemos para escrever e mesmo que assim o fosse, não nos teriam dado igual valor.
O importante é ponto, ponto-e-vírgula, virgula, reticências, travessão. Nossa arte encoberta por pequenos acentos e pontuações. Pensamentos jovens, obras imaturas, como artistas, ignorados.
A redação é um sonho que não terminamos de sonhar e incompreendidos com ele, ficam os nossos textos como nós mesmos.
Que erro da vida! Não ter nos dado a ironia de Machado ou Veríssimo; a perfeição da forma parnasiana; o olhar realista, modernista, contemporâneo. Enfim nada herdamos de nossos antepassados.
Agora, só resta um texto mal feito e mais trinta minutos para revisar e passar a limpo. Felizmente, o ponto final chega.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Em vista do documentário - O oposto do oposto...


Pensar o contrário! Isso é o que me veio à cabeça quando fui à exposição de Vik Muniz, não sei se foi sob influência de um livro que acabará de ler (Raciocínio Criativo na Publicidade – Stalimir Vieira).
             A fotografia busca por principio dar tridimensionalidade a um material bidimensional. Vik trabalha com a fotografia como arte final, e parte exatamente do contrário, trabalhando com materiais tridimensionais os transforma, através da fotografia, em bidimensionais, são obras monumentais que viram painéis.
Ele também discute a questão do original quando se desfaz do material deixando como original a própria fotografia, ela é a obra o resto é só um processo.
O estilo dele mistura alguma coisa de Pollock, quando usa materiais que exigem uma rapidez (como a calda de chocolate) na feitura o que impossibilita a precisão, e algo do impressionismo, de perto se ver objetos tridimensionais ou manchas de materiais inusitados como com calda de chocolate ou molho de tomate, mas com angulação certa se forma uma figura mais bidimensional, quase um desenho em que se perde a noção do material no qual foi feito o processo da obra.
A exposição de Vik Muniz de certo modo me tirou da posição comum de observador, por ter que descobrir o que está além dos materiais usados.O interessante é ver como a questão dos materiais está intrinsecamente ligada ao próprio conceito da obra, ou seja, eles não estão ali por acaso, como por exemplo, uma das obras que ele usa brinquedos para formar uma imagem de menina ou quando mistura fotos de meninos de rua com lixo para fazer uma releitura de obras já consagradas.